quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Porta de trás

Tudo estava lá
Posso tocar meus pensamentos
e as folhas jogadas
e todas as grandes construções
juntas
Sem nada que as impedissem de se impor
Juntas
Todas estavam juntas
As árvores formavam o grande corredor
que me apontava o caminho a ser seguido
Mas o silêncio perturbador
não me deixa correr até o fim
Eu me abstenho de todas elas
Fecho-me
como se amassasse um papel
e tudo fica ali
do mesmo jeito
parado na grande insegurança da mente
Grande ao ponto de me impedir de respirar minha vontade
cega
eu sou a carne
o osso
o sangue
a pele
os olhos
as paredes dos mausoléus do mundo sujo
e belo
sou a beleza suja
e não aceita entre os deuses
Eu estou onde as máquinas pararam de trabalhar
e trabalhador senta-se para descansar
e descalçar
Respirar o ar da tarde e do fim do dia que não viu passar
Todas aquelas damas
São elas alvos de meus anseios
de meus deleites de homem incansável
que nada sabe do amanhã
Dependente
Um vivente sem sorrisos bobos
Alvo de todos e de ninguém
Cego e vidente dos odores e dos olhares meigos e medrosos
com os quais se olha
pureza
perfeição
glória
pudor
poder
semem
vida
mentira
Um silêncio mórbido
Uma semente para o fruto do meu mais puro desejo
carne
odores
gemidos
balbucios
e no fim das contas eu não fiz conta alguma
Toda poesia é uma forma de sair, sem precisar ficar do lado de fora